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Liberdade artística por Lia Berbert

  • Foto do escritor: christiana araripe
    christiana araripe
  • 2 de ago. de 2024
  • 5 min de leitura

A artista Lia Berbert em seu atelier



A paixão vem de infância. A arte sempre fez parte da trajetória de vida de Lia Berbert. Apaixonada desde cedo pela magia dos desenhos e pinturas, a pequena artista chegou a fazer curso na área em um tradicional centro de arte em Niterói-RJ, sua cidade natal, atividade interrompida devido à uma alergia respiratória.

 

Sempre tive essa vertente artística. Inclusive eu lembro exatamente quando eu precisei sair do atelier por conta de uma alergia às tintas e solventes. Eu tenho total memória do quanto fiquei profundamente triste, diz Lia

 

Espaço TikTok 2024, Niterói/RJ. Tinta acrílica neon e marcadores/18,7m².



A artista, que vive e trabalha no Rio de Janeiro, possui uma linda jornada no mundo da arte.

 Aos 18 anos ingressou na EBA – Escola de Belas Artes da UFRJ, formando-se em Design cinco anos depois. Trabalhou em diversos segmentos do mercado como designer e diretora de arte, e ainda, nesta época, flertava com a arte em seu projeto autoral de fotografia.


A partir de 2014, tive uma reconexão mais direta com a arte ao criar um projeto autoral de fotografia. A partir daí, senti que realmente me reconectei com a arte de uma forma mais substancial. Daquele momento até tornar-me uma artista profissional, teve um caminho. Comecei a me interessar e a estudar mais, diversificar a produção. Assim, passei a trabalhar com colagem e, em seguida, mais com pintura.

PRIO 2024, Botafogo/RJ. Tinta acrílica e marcador metálico/4,22m².



O colorido dos quadros e a inspiração vinda da natureza refletem com primor seu dom nato, encantando o público através de seus quadros e muros pela cidade.

Seu estilo mescla elementos botânicos com uma pitada psicodélica e gráfica. Acredita que seja fruto de sua vivência  na natureza e nas memórias da infância do sítio em Nova Friburgo-RJ.

 

Essas minhas inspirações na natureza, nas folhas, eu busco também trazer algo meio que mimetize com formas geométricas e gráficas. Tem-se a impressão que são folhas, mas, às vezes, são só formas para ter movimento. Eu gosto muito de trabalhar com cor, ela é bem expressiva no meu trabalho

Tarde 2024. Pintura acrílica e marcadores sobre tela/80x80cm.



Atualmente foca sua carreira nas artes visuais. Como muralista e artista visual desenvolve projetos autorais e comerciais. Já participou de diversas exposições, tanto individuais quanto coletivas. Seu trabalho mais consistente usa a pintura, a arte digital e a colagem como ferramentas para o desenvolvimento da sua linguagem, porém não teme a experimentação.

 

Eu posso dizer que a arte virou um ofício quando eu mudei o suporte, saí da tela e comecei a fazer murais, no final de 2020 

 

A artista e um dos seus últimos murais



A real vontade de tornar-se artista profissional veio a partir de uma certa fadiga com o trabalho de criação.


“Tornar-se artista profissional surgiu com uma necessidade.  Durante muito tempo trabalhei como designer e diretora de arte, mas não era um trabalho puramente artístico. Tinha muita interferência e muitas travas na criação por conta do modo operante do trabalho do designer e do diretor de arte na criação. Então, virar artista veio como uma forma de eu me expressar, de dar vazão à minha criatividade


LALEC Vila da Saúde/SP. Tinta acrílica e marcadores/20,15m².



Como você define a sua arte?

 

Além da natureza, também busco inspiração na arte. Tenho entendimento de História da Arte então, eventualmente, busco referencias nos trabalhos de Matisse, Kimt e alguma coisa de cubismo. Adoro trabalho de artistas contemporâneos. Gosto muito do trabalho da Beatriz Milhazes também. Me inspiro em artistas que estão fazendo mais ou menos algo que eu estou fazendo. Me inspiro no Instagram, Pinterest, etc. A moda me inspira com a estamparia, algo que gosto de apreciar.

Eu entendo que minha arte não é figurativa, então eu vejo nela uma vontade de abstração. O movimento é algo também que me intriga e me motiva. Nas formas, procuro abstrair um pouco da necessidade da figuração. Busco algo que me ajude a trazer um figurativo mais abstrato.

 

Qual a mensagem que você transmite através da sua arte e como o seu trabalho impacta a vida das pessoas?

 

Acredito que é uma mensagem de liberdade, de motivação e de coragem, porque para expressar algo no formato de mural, em grande formato, você precisa dessas características. Isso acaba sendo transmitido com trabalho. O impacto na vida das pessoas vai muito do contato que a arte vai ter na vida dessa pessoa. Quando é o mural de rua ou mural comercial você impacta mais pessoas. Quando é um mural residencial, algo que fica em casa, logicamente você impacta menos pessoas, mas eu acho que a mensagem é sempre uma mensagem, primeiro de uma nova possibilidade, de abrir um pouco a mente para uma coisa diferente, que não é algo que você vê todo dia. E que pelo fato de eu ser quem eu sou eu, acho que isso traz uma motivação realmente.

Agora, independente do formato, eu acho que a minha arte acaba sendo diferente na forma como eu misturo as cores e isso traz uma uma informação de inovação. Não é totalmente inédita, mas ela é diferente, não é comum. Traz uma reflexão sobre você olhar algo que talvez tenha uma coisa que você já possa ter visto de uma forma, mas que, naquele ponto, é totalmente diferente. Acho que ela intriga porque você não consegue identificar rapidamente em como ela atrai, em que ela te prende. Você pára para observar algo que você tem uma familiaridade, porque são formas familiares, mas de uma forma diferente. Então eu acho que esse impacto, do que não é comum, chama a atenção.

 

Qual o maior orgulho que sente da sua arte?

 

O maior orgulho que eu sinto do meu trabalho com arte é poder viver de arte. Acho que no Brasil, onde às vezes as pessoas são formadas como advogados, engenheiros e não conseguem viver bem, uma pessoa viver de arte me dá orgulho. Outro ponto é que eu consigo me expressar artisticamente mesmo meu trabalho não sendo totalmente livre. Existe o trabalho artístico autoral, de você só expressar os seus sentimentos, as suas intenções e vontades e, existe o trabalho artístico comissionado, quando você busca responder ao seu cliente algo que ele tenha uma expectativa.

Atualmente, grande parte da minha produção artística é do trabalho artístico comissionado, cerca de 95%. Ele sofre e não sofre interferência. Então eu consigo, com a minha sensibilidade, entender a vontade e a necessidade do cliente e colocar toda a minha expressão, meu DNA, minha característica, o meu olhar sobre aquilo. Assim, faz com que eu não sinta que esteja fazendo algo diferente do que eu gostaria de estar fazendo como artista.

Isso também é motivo de muito orgulho, de conseguir me expressar, apesar de estar fazendo trabalhos comprometidos com o cliente.

 

Qual o diferencial do seu trabalho?

 

O diferencial do meu trabalho, em termos artísticos, acredito que é muito na mistura das cores, a forma como eu as interpreto. Eu acho que o movimento das formas também. Sou bem ágil e rápida na produção. Quando é um trabalho comissionado, eu consigo interpretar bem o briefing, o que é para ser feito ou não, mantendo minha assinatura visual, meu DNA.

No trabalho autoral, eu consigo expressar também meus sentimentos e captar o olhar das pessoas. Acredito que meu trabalho chame atenção de uma forma que não agrida, não é algo que grite, mas também não é algo que seja paisagem, puramente decorativo. Eu vejo que ele tem, realmente, uma expressão artística.

Outro diferencial é que o meu trabalho traz uma beleza. A arte, ela não precisa necessariamente ser bela, não é a função primordial da arte.

Mas acho que o meu trabalho traz uma energia de beleza, de vida!

 

Na exposição coletiva com seu quadro Noite 2024. Pintura acrílica e marcadores sobre tela/70x90cm.




Contatos


21 995356144

@liaberbert


 
 
 

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